quinta-feira, 31 de maio de 2007



Morreu ontem o cidadão do samba paulista.


As mãos, grossas, eram a marca da sua vida.

O Camisa Verde e Branco, a sua escola, preferida.


Conhecí-o nos batuques da Santa Cecília, altivo malandro da praça, batuta de primeira. Era o verdadeiro patriarca daquela história,e de muitas outras.





Na Barra Funda, Hélio Bagunça fez a sua história. Ganhou respeito e admiração entre os sambistas antigos e desde então tornou-se conhecido como o Tio preferido dos ritmistas, canários e versadores. Fundou cordões pelo centro, firmou as rodas do bairro, ajudou o nascimento e o crescimento de muitas agremiações, como o próprio Camisa e a recém Tom Maior.


Tio Hélio gostava de uma prosa acompanhada de um tanto de vinho. Ficava leve, contava tudo. Uns copinhos a mais e nêgo velho já se propunha à cadência divina dos passos soltos do seu samba. No seu último carnaval, viu de perto a sua escola ganhar o acesso e deixar de lado uma crise que havia se instaurado na Barra Funda há certo tempo. Enquanto bebericávamos uma cachaça, escondidos do pessoal da harmonia, ele maldizia a sua velhice, como quem despertara para a vida a poucos sambas do fim.





Sorridente e forte.


Incólume e sagaz.


Tio Hélio Bagunça, esteja em paz...

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, meu nome é Flávia sou filha do Hélio Bagunça, amei o que voces escreveram sobre meu pai, voces realmente o conheciam de verdade, um texto feito do fundo do coração eu agradeço em nome da familia.

Flávia