terça-feira, 30 de outubro de 2007

!!!!!!!!!!!!!!


Ao assistir o show da Bjork no TIM Festival, fiquei com a sensação de que o ser humano pode não “ser ridículo e limitado” como dizia Raul Seixas...
Bjork é uma espécie em extinção, um Hermeto Pascoal islandês. Seu show atinge sonoramente e visualmente de maneira inexplicável. Dá a sensação de não haver fronteiras entre o pop, o rock, a musica tradicionalista e o que mais houver. Sua musica é um exercício harmônico e impreciso de vozes e instrumentos. Bjork experimenta tudo. Mistura musica eletrônica com instrumentos de sopro. Percussão com um coral de vozes.
Falta a Bjork incorporar experiências olfativas ao seu show, porque visualmente ela atinge de maneira catártica o espectador, com imagens escandinavas, um vestido que remete a tribos africanas e músicos vestidos com roupas orientais, uma experiência interpretativa constante, mas não é só isso, a sensação bruta de algo compreensível, mas inexplicável. A sensação de não haver fronteiras musicais remete a ausência de fronteiras geográficas. Bjork cria uma metáfora de tudo ao mesmo tempo agora, e é belíssimo, impactante, e essencial, uma coreografia entre musica e imagem que deslumbra instiga por nos mostrar que algo pode ser diferente, é um show na essência do que representa a palavra.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007


[I]

[sórdidos diante da vastidão estreita

da penínsulado peloponeso;


seus olhos todos do mundo

voltaram-se, atônitos, uns para os outros]


marchavam hóplons, lanças e fortalezas;

teseu cansou e lamentou no canto,

no labirinto da sua beleza, o espanto

tamanha força de tal natureza;


o rei que havia se atirado ao mar

inebriado, defronte a morte

e outro que viu brotar em suas próprias mãos

a glória em puro-ouro da sorte;


“assistam todos a derrocada indelével

a quebra eterna dos seus paradigmas

e vejam como assim o faz a história

que sangra e jorra ao nascer dos dias”

[II]

Bastou ao tempo que corressem os anos

E os tantos outros que por ali passaram

O estandarte-águia dos reais romanos

Helenizaram, mundo-do-mediterrâneo;

À Hélade, longos os juramentos

Juraram aos deuses, a Jano, a Baco

Num latim só sem estranhamento

[Banharam suas ancas em vil conhecimento]
E quem balbuciava a língua do norte
O guerreiro escuro, a espada e o forte
Foi levar de novo à tal civilização
Uma nova era sob a escuridão.


[III]


(Trouxeram-me de volta

ao continente,


Arredios e inconstantes,

Navios)


As frotas domam o horizonte,

O além-mar da alma

e o insolúvel temor da vida;


E ver tamanha imensidão obscura,

e quando claro, um infinito azul profano;


As caravelas, naus, torpes galeras

enchem-se da fina melancolia,

dos seus inabaláveis homens de terra,

de mar,

de dor,

de tenra agonia;


Mas o que há de novo no mundo

além do Cabo-da-Boa-Esperança?

andar-se-ão os homens num sono profundo

ou numa tórrida e inconclusiva vingança?


E a morte certa peregrinação,

a vã ganância de quem vem do norte,

é certa, ingrata, preocupação

de viver bem ao bel prazer da sorte.



continua...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Cansei do que, mesmo?


Será que elas combinaram?




Cansei de ver a Daslu ser indiciada por sonegação fiscal e emissão de nota fria e não ter lugar para fazer compras
Cansei de ver a classe média pegando avião o que antes era privilégio só nosso
Cansei dos bingos fechados, e agora tenho que ir pra Punta del Este
Cansei de ficar fora do poder que antes era só nosso
Cansei da violencia e da miséria, resultado de 500 anos da nossa permanencia no poder
Cansei de ver traficante internacional fazendo plástica na minha clinica
Cansei do "caos aereo" e não cansei do massacre de Carajas, do buraco do metro e da chacina da candelaria
*
Eu cansei de vocês.Regina Duarte,a medrosa. Ana Maria Braga, a botocada. Hebe Camargo, fiel escudeira do integro Paulo Maluf. E de você Ivete, por que não aguento mais os closes nas suas coxas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

NWR


À frente de um supermercado de fachada, curto e barato, ficam os negros dáfrica.
Nigéria, creio eu.
E passam lá o dia inteiro, encontros, discussões acaloradas, celular, maconha. Encontram em plena avenida são joão o doce refúgio de quem se desencontrou no mundo para se achar de novo, cá no trópico tupiniquim. Imigraram.
São vorazes uns com os outros, falam alto em rodas tensas. Gesticulam. Grandes e elegantes.

Eis, portanto, bem ao lado desse supermercado, uma semiloja que fica entreaberta e saem e entram os homens de lá. “N.W.R.”, lê-se na portinhola.
Outro dia espiei um pouco, deixei o olhar penetrar aquele ambiente curioso, mesmo que durante os breves segundos que atravessava o limite daquele espaço pluralmente geográfico. Ia para casa, e impossível era não passar por lá. Vi que abusavam do joguinho, dos tacos e das bolas coloridas. Bebericavam sob a névoa incessante de cigarros e riam uns com os outros. Riam e quase dançavam. Quase alegres.

Lá fora, ainda a presença ostensiva dos homens fortes com seus braços cruzados e roupas recentes. Diamantes. Muambas. Cocaína. Dizem de tudo aqui no centrão. Ora que eles estão clandestinos e que prestam serviços para a “firma” paulistana do crime; outrora, que são trabalhadores como tantos outros peruanos, nordestinos, coreanos, japoneses e chineses. Correm atrás do tempo da metrópole do subdesenvolvimento global. Trocam apenas a miséria de continente.

E os grupos que por lá se formam vão se espalhando pela longa avenida, histórica passagem de São Paulo. Hoje já posso contar mais três pontos que identifico como zonas autônomas de imigrantes africanos: o bar da praça Júlio de Mesquita, a bocada escura que é o boteco deles no início da General Osório e no coração da cracolândia, os edifícios antigos e sujos que se amontoam de gentes e gambiarras elétricas.

Disputam essa porção do bairro com os chineses, recentes também. Bem perto do “N.W.R.”, havia o “Jing You”, uma espécie de espelunca repleta de cerveja barata e mercadorias contrabandeadas. Era um supermercado-feira-açougue com baixa reputação higiênica, guardado por gatos que habitavam o setor de bolachas e guloseimas, o meu preferido. Um dia esperei a fila do caixa e me encontrei no meio de uma negociação repentina, de difícil entendimento, muito pouco provável para mim: a chinesa dona do local, que usava unhas vermelhas e cabelos iluminados, discutia ainda muito calma com um dos africanos de que vos falo. Ele balbuciava coisas enroladas e fortes. Ela apenas concluía, com cara de conclusão, “tlêis, tlêis, tlêis”. Fiz de conta que se entendiam. E se entenderam de fato. Pensei depois que ele podia estar ali em nome do movimento, cobrando ou pagando algo e que ela, toda chefona, dava os ombros para aquele tamanho de homem.

O “Jing You” hoje está com suas portas baixas, impedido por blocos de concreto e avisos da prefeitura. Política de imigração? Não, não. Assim como a cena indelével que vi ao voltar pra casa, como todos os dias: em frente ao “N.W.R.” os negros não faziam ponto, nem pregão. Não desfilavam celulares nem charutos ou bonés. Restavam apenas os braços e sutis fisionomias dos pretos enjaulados num furgão preto da Polícia Federal.
Deu até no jornal.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Le temp


Aceitou o convite e desposou a filha do imperador austríaco. Fez, contudo, uma suntuosa lambança, causando angústia entre os senhores ministros da defesa.

Gerou a polêmica ou o drama de ribalta ao pisar o sagrado solo das camélias apenas de franciscanas,

sandálias;

Os pés, tocando relesmente o chão

O olhar, impávido e altaneiro era como o de um timoneiro, confiante diante de tamanho mar revolto.


E volta agora,

colossal é o seu retorno,

mítico, muitos o dizem;


e entre comentários, maledicências escapulam das boquiabertas da plebe insensata. Os dentes, lábios e salivas aguçam-se com falas estridentes e comentários enfadonhos...


"- foi um mau presságio, virá a peste e o nosso fim!"

"- serão anos de mácula, plena agonia e dor!"


e diante das muralhas, do temor, da meia idade;

O senhor que então retorna traz pães para os meninos,

linho, seda e sutil prosperidade.


Há anos!

sexta-feira, 27 de julho de 2007

A culpa é de quem?


O avião caiu. Mas a culpa é de quem? Até agora, segundo os peritos de ninguém. As informações da caixa preta, até momento não indicaram nenhum culpado. A falta do grooving, responsável pelo escoamento da água, não pode ser considerada a culpada do acidente. O reversor da turbina não funcionava, mas também não há nada que comprove que esse defeito causou a tragédia, como também nada indica que o piloto tenha falhado. No entanto, a grande mídia tupiniquim já escolheu o seu, o governo Lula, e o enfiam goela abaixo da sociedade civil. Noticias e mais noticiais ligando o governo federal ao acidente cansam a vista. Não há duvida da falta de investimento, nos aeroportos e no sistema de controle aéreo, desse governo como também dos outros. Também não há indicio que a crise aérea seja responsável pela queda do avião, pois como já foi dito não há culpado comprovado. Afinal vender que essa crise é culpa desse governo é a mesma coisa que aceitar que o mensalão era pratica de um só partido ou de uma só bancada, afinal até as esquinas de Brasília sabem da compra de votos da votação da reeleição de FHC. A sociedade aceitou e nos dois casos criou-se a verdade que ambos problemas são do governo de Lula.
Verdade eu acredito, é compreender que a mídia brasileira faz uma campanha contra o atual governo. Afinal durante toda nossa história tivemos como nossos representantes descendentes da fina linhagem branca, rica, judia e intelectual e nosso país distribuiu renda, tornou-se mais justo, democrático e com avanços na educação. Fina linhagem que é a dona dos principais meios de comunicação e que organiza essa campanha anti-lula.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Morreu ACM! Viva!


Hoje é um dia festa! Morreu uma das figuras mais perversas da política brasileira. Antonio Carlos Magalhães é para os baianos o que um dia representou para os paulistas o nefasto Paulo Maluf. Representante da alta oligarquia baiana, e do ficou conhecido como coronelismo, ACM utilizou-se de métodos corleonianos para fincar seu pé no território de influencia da política nacional. Cobra criada dos militares, teve no período da ditadura militar o espaço e o aval para comandar a Bahia. De lá seus tentáculos alcançaram cargos de Ministro e Senador. ACM representante daquilo que há de pior no Brasil, filho do autoritarismo, era conhecido por métodos cruéis contra seus adversários, rendendo-lhe o apelido de Toninho Malvadeza. Infelizmente ACM produziu diversos afilhados na politica baiana e nacional, todos adeptos de seu estilo truculento e autoritario. Que tenham o mesmo fim! ACM morreu! Viva a Liberdade!!!