quinta-feira, 4 de outubro de 2007


[I]

[sórdidos diante da vastidão estreita

da penínsulado peloponeso;


seus olhos todos do mundo

voltaram-se, atônitos, uns para os outros]


marchavam hóplons, lanças e fortalezas;

teseu cansou e lamentou no canto,

no labirinto da sua beleza, o espanto

tamanha força de tal natureza;


o rei que havia se atirado ao mar

inebriado, defronte a morte

e outro que viu brotar em suas próprias mãos

a glória em puro-ouro da sorte;


“assistam todos a derrocada indelével

a quebra eterna dos seus paradigmas

e vejam como assim o faz a história

que sangra e jorra ao nascer dos dias”

[II]

Bastou ao tempo que corressem os anos

E os tantos outros que por ali passaram

O estandarte-águia dos reais romanos

Helenizaram, mundo-do-mediterrâneo;

À Hélade, longos os juramentos

Juraram aos deuses, a Jano, a Baco

Num latim só sem estranhamento

[Banharam suas ancas em vil conhecimento]
E quem balbuciava a língua do norte
O guerreiro escuro, a espada e o forte
Foi levar de novo à tal civilização
Uma nova era sob a escuridão.


[III]


(Trouxeram-me de volta

ao continente,


Arredios e inconstantes,

Navios)


As frotas domam o horizonte,

O além-mar da alma

e o insolúvel temor da vida;


E ver tamanha imensidão obscura,

e quando claro, um infinito azul profano;


As caravelas, naus, torpes galeras

enchem-se da fina melancolia,

dos seus inabaláveis homens de terra,

de mar,

de dor,

de tenra agonia;


Mas o que há de novo no mundo

além do Cabo-da-Boa-Esperança?

andar-se-ão os homens num sono profundo

ou numa tórrida e inconclusiva vingança?


E a morte certa peregrinação,

a vã ganância de quem vem do norte,

é certa, ingrata, preocupação

de viver bem ao bel prazer da sorte.



continua...

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